quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A VIDA POLÍTICA DE GETÚLIO VARGAS


A ERA VARGAS

ESTÁ DIVIDIDA  em três Períodos: Provisório, Constitucional e Estado Novo.

 Governo Provisório (1930-1934)

A concentração de poderes na Era Vargas

Como líder principal de uma revolução, Vargas assumiu o governo em 03 de novembro de 1930 com poderes extraordinários. Aos poucos foi reforçando seu poder pessoal e em 1937, acaba por instituir uma ditadura fascista no Brasil, acabando por destruir o poder das oligarquias estaduais, que era o braço importante do esquema político da República Velha. Isso só foi possível graças
A progressiva concentração de poderes foi possível graças à inexistência de grupos capazes de contestar e derrubar o novo governo e de assumir o controle político do país; aos choques de interesses entre grupos rivais dos quais Getúlio inteligentemente se aproveitava para reforçar seu poder pessoal e principalmente pelo apoio que recebia da alta cúpula militar representada inicialmente pelo general Goes Monteiro e, a partir de 1936, pelo mesmo general Goes Monteiro e pelo general Eurico Gaspar Dutra.

Getúlio mostrou, desde o início, sua intenção  de concentrar em suas mãos tanto as decisões políticas quanto as econômico-financeiras.

A partir de 11 de novembro, seus ministros delegaram-lhe por decreto, o direito de exercer os poderes Executivo e Legislativo, até que uma Assembléia Constituinte estabelecesse a reorganização constitucional do país: então, Getúlio governou sem Constituição até 1934.

Getúlio determinou a seguir a dissolução do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas estaduais e das Câmaras Municipais. Segundo Osvaldo Aranha, “tenente civil” e ministro da Justiça, “a Revolução passa a não reconhecer direitos adquiridos”.

Foram demitidos todos os governadores estaduais, com exceção do recém-eleito governador de Minas Gerais Benedito Valadares, e substituídos por interventores federais, recrutados entre os tenentes, com poderes executivos e legislativos, porém subordinados ao poder central.

A partir daí os estados “ficam proibidos de contrair empréstimos externos sem a autorização do governo federal; gastar mais de 10% da despesa ordinária com serviços de polícia militar; dotar as polícias estaduais de artilharia e aviação ou armá-las em proporção superior ao Exército”.
Essa enorme concentração de poderes, ausente durante a Republica das Oligarquias, produziu divergências na coalizão revolucionária.

Os líderes dos estados revolucionários, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, eram favoráveis à realização imediata de eleições. Os tenentes, através do Clube Três de Outubro, exigiam que Vargas continuasse indefinidamente com todo poder, pois achavam que as mudanças estruturais de que o Brasil necessitava seriam prejudicadas por eleições que colocariam de volta ao poder as velhas oligarquias.

Composição do Governo Provisório

Criou um Tribunal Especial, mas sua ação foi nula. Este Tribunal tinha como  principal julgar “os crimes do governo deposto”, organizou um ministério que, pela sua composição, nos mostra o quanto Getúlio estava compromissado com os grupos que lhe apoiaram na Revolução.
 Eis o Ministério
  • general Leite de Castro – ministro do Exército;
  • almirante Isaías Noronha – ministro da Marinha;
  • Afrânio de Melo Franco (mineiro) – ministro do Exterior;
  • Osvaldo Aranha (gaúcho) – ministro da Justiça;
  • José Américo de Almeida (paraibano) – ministro da Viação;
  • José Maria Whitaker (paulista) – ministro da Fazenda;
  • Assis Brasil (gaúcho) – ministro da Agricultura.
Ainda nessa dependência de compromisso com este grupo de apoio foram criados dois novos ministérios.
  • Educação e Saúde Pública –com o mineiro Francisco Campos;
  • Trabalho, Indústria e Comércio –com o gaúcho Lindolfo Collor.

Para Juarez Távora, pela sua grande participação revolucionária e pela sua moral e determinação,  foi criada a Delegacia Regional do Norte.
Ele era considerado o Vice-Rei do Norte.

A Política Cafeeira da Era Vargas

O sistema capitalista de então passava por uma de suas mais violentas crises devido a uma   superprodução na indústria. Essas crises cíclicas do capitalismo eram o resultado da ausência de uma plataforma social.

As nações industrializadas, com problemas de superprodução, acirravam o imperialismo, superexplorando as nações agrárias, dificultado os créditos e adotando uma política protecionista, sobretaxando as importações.

Neste contexto o café conheceu uma nova e violenta crise de superprodução, de mercados e de preços, na década de 30, o que provocou nos primeiros anos da década de 30, uma acentuada baixa de preços.

Como o café era a base da economia nacional, a crise poderia provocar sérios problemas para outros setores econômicos, tais como a indústria e o comércio, o que seria desastroso. Era a crise de 1929! Era preciso salvar a Economia para evitar o colapso econômico do Brasil!

Para evitar o pior o governo instituiu uma nova política cafeeira, visando o equilíbrio entre a oferta e a procura, a elevação dos preços e a contenção dos excessos de produção, pois a produção cafeeira do Brasil era superior à produção mundial.

Para aplicar essa política, Vargas criou, em 1931, o CNC (Conselho Nacional do Café), que foi substituído em 1933 pelo DNC (Departamento Nacional do Café).
Diante desta nova política foi importante e necessário destruir os milhares de sacas de café que estavam no estoque do país.

Foi aí que o então ministro da Fazenda, Osvaldo Aranha, através de emissões e impostos sobre a exportação, começou a destruição do excedente do café através de um grande incêndio e despejos no mar, num total de mais de oitenta milhões de sacas, isto entre 1931 e 1934.

 Proibiram-se novas plantações por um prazo de três anos e reduziram-se as despesas de produção através da redução dos salários e dos débitos dos fazendeiros em 50%.

Por estas decisões do governo Vargas e por terem perdido o poder político sobre o governo federal e terem de se submeter às decisões econômicas do mesmo é que as oligarquias cafeeiras se opuseram à política agrária de Vargas.

Liberalismo e centralismo

Saber quem perdeu a Revolução de 1930 é fácil, o difícil é saber quem ganhou, devido às extremas divisões dos líderes revolucionários.

De um lado estavam os tenentes que ocupavam um destacado papel no governo e eram favoráveis às mudanças e, por isso, achavam desnecessárias as eleições, que para eles só trariam de volta as oligarquias tradicionais.

Do outro lado, os constitucionais liberaisque defendiam as eleições com  urgência. Getúlio, manobrava inteligentemente os dois grupos. Ora fazendo concessões aos tenentes, permitindo-lhes uma influência político-econômica, como aconteceu com João Alberto, nomeado interventor em São Paulo, ora acenando com eleições, como a publicação do Código Eleitoral de fevereiro de 1932 e o decreto de 15 de março, que marcava para 3 de maio de 1933 as eleições para uma Assembléia Constituinte.

A Revolução Constitucionalista de 1932 (São Paulo)

Foi de São Paulo que partiram as primeiras manifestações em prol da reconstitucionalização do país.

Para tal influiu muito o manifesto do Partido Democrático (24-3-1931) partido que nascera em São Paulo em 1926, fundado por industriais e elementos da classe média e que incentivou nos demais estados várias tendências constitucionais.  Os paulistas exigiram, além de uma nova Constituição, um interventor que fosse paulista e civil, pois Getúlio havia colocado, como interventor de São Paulo, o tenente pernambucano João Alberto.

Além do mais, a aristocracia paulista pretendia retomar o poder político, de onde fora desalojado pela Revolução de 1930.

 Constituição institucionalista de São Paulo

Esta Constituição institucionalista de São Paulo, que abranjeu   todo o ano de 1932, não foi um mero fruto de circunstancias, nem uma explosão de um sentimento de revanche. Foi sim, um ato deliberado, friamente calculado e pensado pelos responsáveis e dirigentes máximos do PRP, objetivando a retomada do poder do qual haviam sido desalojados à força.

Nessas manifestações contra o governo provisório de Getúlio pesou muito a aliança entre o PRP e o Partido Democrático, seu antigo inimigo, que resultou na "Frente Única Paulista".
 Nem mesmo a nomeação do paulista Pedro de Toledo, para interventor de São Paulo conseguiu impedir a eclosão do movimento revolucionário.

Em 23 de maio de 1932, a reação contra um grupo de estudantes, que já havia investido contra alguns jornais favoráveis a Getúlio, resultou na morte de quatro manifestantes, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. As iniciais dos nomes destes manifestantes MMDC deram nome à sigla revolucionária paulista MMDC.

A revolução armada explodiu a 9 de julho de 1932, sob a liderança militar dos generais Isidoro Dias Lopes (SP) e Bertolo Klinger (MT) e a liderança civil de Francisco Morato e Pedro de Toledo.

São Paulo contava inicialmente com o apoio dos rebeldes mineiros liderados por Artur Bernardes e dos rebeldes gaúchos liderados por Borges de Medeiros, mas  ambos foram presos pelas forças legais. 

São Paulo, que pensava, segundo a propaganda, que o movimento não passaria de “uma simples parada militar, mera marcha triunfal até o Rio” viu-se envolvido num grande conflito armado. Perdendo seus aliados, não possuindo condições bélico-militares, acusado de fazer; um movimento separatista, São Paulo se rendeu as forças federais.
Entretanto, se a Revolução Paulista de 1932 foi um fracasso do ponto de vista militar, por outro lado foi um sucesso do ponto de vista político, pois em 1933 Getúlio Vargas promoveu eleições para a Assembléia Constituinte, instalada a 10 de novembro, sendo responsável pela elaboração de uma nova Constituição que foi promulgada em 1934.

Além disso, este movimento revelou a existência de duas concepções de Estado: de um lado, o liberalismo, que enfatiza as vantagens do grande capital sobre o trabalho, ou seja combate o intervencionismo do Estado na política, na economia e nas relações entre classes, produzindo o centralismo, a economia regulamentada.

A Constituição de 1934

   Promulgada em 16 de julho, e influenciada pela constituição alemã, a nova Constituição brasileira,  um mixto de liberal e centralizadora, estabelecia:
  • regime presidencial e federativo;
  • extinção do cargo de vice-presidente;
  • voto secreto e feminino (pela primeira vez no Brasil);
  • ensino primário obrigatório e gratuito;
  • autonomia dos sindicatos e representação profissional;
  • restrição à imigração (visava principalmente aos japoneses);
  • nacionalização das empresas estrangeiras de seguros;
  • proibição a empresas estrangeiras de se apossarem de órgãos de divulgação;
  • obrigação às empresas estrangeiras de manterem, no mínimo, dois terços de empregados brasileiros;
  • criação do mandado de segurança para a defesa dos direitos e liberdades individuais;
  • três poderes: Executivo, Judiciário e Legislativo.
O poder Legislativo era formado pelo Senado e pela Câmara de deputados. Dois senadores por estado, com mandato de oito anos. Os deputados eram eleitos por quatro anos, com um número proporcional ao número de habitantes de cada estado.

Uma das novidades dessa Constituição era a representação classista, ou seja, os sindicatos de patrões e empregados podiam eleger seus deputados, que tinham os mesmos direitos dos demais parlamentares.

O governo constitucional (1934-1937)

A polarização ideológica na Era Vargas

   O período do governo constitucional de Getulio foi uma fase marcada pelo choque entre duas correntes ideológicas, influenciadas pelas ideologias de origem européia: a Ação Integralista Brasileira e a Aliança Nacional Libertadora.
   A Ação Integralista Brasileira (AIB) – Nascida em São Paulo em 1932, fundada e liderada por Plínio Salgado, a AIB caracterizou-se por ideologia e métodos fascistas. Invocando sempre a bandeira de luta contra
O “perigo comunista” ou a “ameaça vermelha”. A AIB conseguiu congregar elementos das altas camadas sociais, do alto clero e da cúpula militar. Pretendia criação de um “Estado Integral”, ditatorial, com um só partido e um chefe único.
   Seu lema se baseava trilogia “Deus, Pátria e Família” os homens da Ação Integralista Brasileira usavam “camisas verdes” e tinham uma saudação especial: “Anauê!”

   A Aliança Nacional Libertadora (ANL) – nasceu como um movimento de Frente Popular, de composição variada contra o fascismo, e congregava elementos dos mais diferentes escalões sociais, que íam desde operários até a algumas patentes militares.

   Desde sua fundação contava com a ativa participação de comunistas. esta Aliança Nacional Libertadora, cujo presidente honorário era Luís Carlos Prestes, propunha uma reforma agrária, a constituição de um governo popular, o cancelamento da dívida externa e a nacionalização das empresas estrangeiras.
Interessante em tudo isso era o fato de que o integralismo e a Aliança Nacional Libertadora constituíram os primeiros movimentos políticos nacionais de extrema orientação ideológica. O fato significativo é o de que os componentes da desconhecida Aliança Liberal, ‘que haviam feito a Revolução de 1930, não passavam de políticos locais unidos pelo desejo comum de derrubar a estreita elite governante da República Velha…'”.

A Intentona Comunista de 23/11/35 em Natal RGN e debelada em 13/07/35 no RJ

   Os violentos choques entre integralistas e comunistas eram habilmente utilizados na Era Vargas, que mostrava à classe média e aos militares os perigos de uma política aberta.
   O medo à “subversão vermelha” e os discursos extremados de Luís Carlos Prestes levaram o Congresso Nacional a promulgar uma Lei de Segurança Nacional, concedendo ao governo federal amplos poderes para reprimir a ação da Aliança Nacional Libertadora.
   Invadindo o quartel-general da ANL, em 13 de julho de 1935, e confiscando seus documentos, o governo ficou sabendo que o movimento era financiado pelo comunismo internacional.
   A prisão de alguns líderes, o fechamento da Aliança Nacional Libertadora e a impossibilidade, agora, de chegar legalmente ao poder levaram a ala mais radical da ANL a uma rebelião armada em novembro de 1935: era a intentona Comunista, facilmente debelada pelas forças fiéis ao governo.

   A vitória do governo contra os comunistas que se rebelaram em Natal, Recife e Rio de Janeiro trouxeram como resultado, o maior reforço do poder central.
   Vargas saíu fortalecido do episódio e logo decretou o estado de sítio, que se prolongou até 1937. O país caminhava para a ditadura do Estado Novo.

O Golpe de 1937 PREPARADO POR GETÚLIO

   Em 1936, diante de grande agitação política, são preparados os planos para  a eleição presidencial que deveria se realizar em janeiro de 1938. Três candidatos disputariam aquela eleição:
  • Armando de Sales Oliveira (ex-interventor em São Paulo);
  • José Américo de Almeida (ex-ministro da Viação do Governo Provisório);
  • Plínio Salgado (líder da Ação Integralista).
   Getúlio Vargas, que não pretendia deixar o governo, prepara então um golpe de Estado, sendo apoiado pelos generais Góes Monteiro e  Eurico Dutra. O plano golpista está preparado e as oposições, tanto políticas como militares, foram sufocadas.
   “A estratégia política mandava criar um ambiente emocional, que permitisse a rápida aceitação do golpe e da nova Constituição como medida de emergência e da salvação nacional. E isso foi conseguido com o plano Cohen“.
   O fantasioso plano Cohen, forjado por elementos do governo, era, segundo o próprio governo, um plano comunista para tomar o poder através do assassinato de grandes personagens da política nacional.

   Diante da “radicalização comunista”, Getúlio conseguiu do Congresso o decreto de Estado de guerra”.
   O golpe, marcado para 15 de novembro, aniversário da Proclamação da República, teve seu desfecho a 10 de novembro de 1937. O Congresso foi fechado e uma nova Constituição, que já estava sendo elaborada desde 1936 por Francisco Campos, foi outorgada. A eleição não se realizou.
   Na noite do mesmo dia 10 de novembro, Getúlio fazia uma proclamação ao povo, justificando a necessidade de um governo autoritário. Nascia, assim, o Estado Novo.

O Estado Novo (1937-1945)

A Constituição de 1937

   Elaborada por Francisco Campos e baseada principalmente na Constituição polonesa – por isso conhecida como a Polaca, a nova Constituição brasileira foi outorgada no mesmo dia do golpe, isto é, 10 de novembro de 1937.
   A nova Constituição estabelecia um Estado autoritário com absoluta centralização do poder e a supressão da autonomia dos Estados, o que dava ao Brasil uma característica de Estado unitário.
   O presidente, eleito indiretamente para um mandato de seis anos, tinha o poder de dissolver o Congresso, reformar a Constituição, controlar as Forças Armadas e legislar por decretos.
   Permitindo que o chefe do governo tivesse em seu poder os Poderes Executivos, Legislativos e o próprio Judiciário, uma Constituição que apresentava características ditatoriais-fascistas.

A maior concentração de poderes da Era Vargas durante seu governo provisório

   Dono de todos os poderes que lhe foram outorgados pela nova Constituição, Getúlio Vargas, fechou o Congresso Nacional, destituiu todos os governadores dos estados, menos o de Minas Gerais, substituindo-os por novos interventores, extinguiu as bandeiras, armas, hinos e escudos estaduais, proibiu as greves, liquidou a independência dos sindicatos, cujos estatutos e diretorias passaram a depender da aprovação do Ministério do Trabalho.
   O artigo 177 permitia ao governo demitir os funcionários civis ou militares cujas práticas ou atitudes não se ajustassem à sua ditadura.
   Pelo decreto de 2 de dezembro, foram extintos todos os partidos políticos, inclusive a Ação Integralista, cujos membros, que já se julgavam donos do poder e chocados com tal medida, romperam com o governo.
   Em maio de 1938, os integralistas tentaram um golpe, liderado por Severo Fournier, entre outros.  A frustrada tentativa de golpe dos integralistas contribuiu ainda mais para o reforço do poder de Getúlio.

   Em 16 de maio, o governo regulamentou a pena de morte no Brasil. Pouco depois, eram exilados os inimigos políticos do ditador. Plínio Salgado, principal dirigente integralista do país foi convidado a deixar o país, partindo para Portugal.
   O governo, preocupado com o problema da Segurança Nacional, modernizou as Forças Armadas e criou o Ministério da Aeronáutica.

A política administrativa

   O DASP – Objetivando maior controle da administração pública, Getulio Vargas institucionalizou, em 1938, o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). Deve-se notar que esse departamento serviu para ampliar seus poderes através do rígido controle da administração, pois servia também como órgão consultivo dele e de seus ministros.

   O DIP – O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) foi, ao lado da polícia secreta, chefiada por Filinto Muller, o mais importante instrumento de sustentação do regime ditatorial-fascista do Estado Novo. Criado para a propaganda oficial do governo e para a censura, pois funcionava como elemento controlador de toda a mídia e determinavas o que esta podia ou nãopublicar.

A política social e econômica

   Além dos órgãos administrativos citados, Getulio Vargas usava outros trunfos para aumentar seu poder pessoal e de Estado, como, por exemplo, uma humana legislação trabalhista e uma política econômica que se caracterizava pelo seu nacionalismo, pela defesa das estatais e certo protecionismo.

A política trabalhista

   Completando uma política trabalhista já iniciada com a criação do Ministério do Trabalho, em 1931, o Estado Novo, regulamentou as relações entre trabalhadores e patrões. Os sindicatos tornaram-se independentes e foi criado o imposto sindical, uma contribuição anual obrigatória, que correspondia a um dia de trabalho dos trabalhadores, pago por todos os empregados sindicalizados ou não. 
    Outro aspecto que deve ser mencionado na análise da política trabalhista do regime de 1937 é o tratamento dado aos problemas salariais.

   Desde a Constituição de 1934, vinha sendo afirmado que a lei ordinária fixaria um salário mínimo para todos os trabalhadores de mão de obra não qualificada, medida importante, levando-se em conta a não qualificação da mão de obra da maioria dos trabalhadores brasileiros à época. Porém, somente em maio de 1940 surgiu um decreto lei nesse sentido, estabelecendo-se uma escala salarial  variável de acordo com cada região.    
   Entre outros direitos recém-adquiridos pelos pelo proletariado e trabalhadores no comércio, incluíram-se: - jornada de trabalho de 8 horas, férias remuneradas, estabilidade no emprego, indenização por dispensa sem justa causa, convenção coletiva de trabalho, regulamentação do trabalho das mulheres e dos menores e Institutos de Aposentadoria e Pensões, que garantiam assistência àqueles grupos.

Ainda relacionado com as tendências do período anterior, foi consolidada a Justiça do Trabalho em 1939.

Em 1943, foi elaborada a CLT (Consolidação das Leis Do Trabalho).

o Estado Novo promoveu ainda a diversificação agrária, incentivando a policultura. 

   Ainda nesse período foram criados os Institutos do Açúcar e do Álcool, do Mate e do Pinho, responsáveis pelo financiamento, experimentação e divulgação de técnicas mais aperfeiçoadas de cultivo.

   Em São Paulo aconteceu a expansão da produção algodoeira com a aplicação dos capitais que antes eram aplicados no setor cafeeiro.

   O Japão e a Alemanha apresentavam-se como potenciais mercados consumidores de nossas matérias-primas, devido à participação destas nações na Segunda Guerra Mundial.

A industrialização na Era Vargas

   A Era Vargas foi favorecida pela Segunda Guerra Mundial e pela conseqüente redução das importações de manufaturados em aproximadamente 40%, pela diversificação agrária, com a produção abundante de matéria-prima, principalmente do algodão. Pela desvalorização da moeda e o conseqüente aumento do preço dos produtos importados. Pelo aumento do mercado consumidor interno com a abolição das taxas interestaduais e pela política econômica nacionalista e protecionista desta mesma Era. Com Vargas, a industrialização no Brasil sofreu um grande impulso a partir de 1940.
   Desde 1939 que Getúlio e Sousa Costa, seu ministro da Fazenda, preparavam um Plano Qüinqüenal, que apresentava os seguintes itens principais: uma usina de aço, uma fábrica de aviões, uma usina hidrelétrica em Paulo Afonso, estradas de feno e de rodagem etc., etc.. Numa manobra psicológica inteligente,Vargas informou, em maio de 1940, ao Departamento de Estado americano, que a Krupp, empresa alemã, estava disposta a construir uma usina de aço no Brasil. è bom observar que a Alemanha de Hitler já havia iniciado a Segunda Guerra Mundial.
   O governo americano, logo em seguida oferta ao Brasil um empreśtimo de vinte milhões de dólares através do Eximbank.
   Com o auxílio dos empréstimos deste banco, foi iniciada a construção da usina de Volta Redonda, criando-se assim a Companhia Siderúrgica Nacional, que deveria produzir inicialmente 300 mil toneladas de aço por ano.

   A partir de 1942, quando as relações Vargas-Roosevelt se tornaram mais amistosas e aumentaram os empréstimos do Eximbank, o governo federal ampliou os investimentos estatais no plano da infra-estrutura, Nasceu a Companhia do Vale do Rio Doce. Estava garantido o controle da matéria-prima para a indústria pesada.

   Dentro desta mesma orientação nacionalista, havia sido criado o Conselho Nacional do Petróleo, em 1938, organismo subordinado diretamente ao chefe do governo.

O Brasil na Era Vargas e a Segunda Guerra Mundial

Com relação à Segunda Guerra Mundial, iniciada em 1939, Getúlio mantinha posição de neutralidade, embora algumas personagens do seu governo, como Francisco Campos e Filinto Muller, preferissem a Alemanha a outras nações. Osvaldo Aranha e Lourival Fontes tendiam para o lado americano.
Porém, em janeiro de 1942, depois da Segunda Conferência dos Chanceleres Americanos, o governo de Getúlio rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), permitindo a instalação de bases navais e aéreas no Nordeste brasileiro.
A reação alemã logo se fez presente com o afundamento de navios brasileiros, provocação que levou o governo brasileiro de Getúlio a declarar guerra ao Eixo em agosto de 1942.

Foi, sem dúvida alguma, muito importante a participação da FEB (Força Expedicionária Brasileira) e da FAB (Força Aérea Brasileira) nos campos de guerra europeus.
As tropas brasileiras, sob o comando do general Mascarenhas de Morais, obtiverem expressivas vitórias em Monte Castelo, Castelnuovo, Fornovo e Montese na Itália.

A redemocratização do país

“Com a vitória das Nações Aliadas, que era a derrota do nazi-fascismo, aliada à campanha que se desenvolvia no Brasil pela reconquista das liberdades democráticas, criou-se um clima desfavorável  ao regime ditatorial que se vinha mantendo no País há muitos anos. Assim era possível admitir que permanecêssemos tolerando aqui o mesmo regime que havíamos ajudado a destruir na Europa”.

Os próprios membros do governo, a começar pelos militares, começaram a compreender que era necessário mudar, pois o Estado Novo já havia cumprido o seu papel histórico e era necessário substituí-lo, preferencialmente de modo pacífico, e, se possível, pelo próprio governo.

O ano de 1943, dois anos antes do término da grande guerra mundial foi marcado  pelo começo das campanhas em prol da redemocratização. Neste ano, homens como Milton Campos, Afonso Arinos e outros lançaram um tímido manifesto, exigindo a redemocratização do País. "Era o Manifesto dos Mineiros".

Nos anos que se seguiram, desenvolveu-se a campanha. Em 1945, o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores exigiu eleições livres e liberdade de expressão, e José Américo de Almeida fez declarações antiditatoriais no jornal Correio da Manhã.

Renasce aí o pluripartidarismo, com a criação da UDN, do PTB, do PSD, do PSP e a reabilitação do PCB. A UDN (União Democrática Nacional) era um partido formado por antigetulistas.

O PSP (Partido Social Progressista) teria, em São Paulo, seu principal centro de ação e em Ademar de Barros, representante da burguesia paulista, seu líder maior.

O PCB (Partido Comunista Brasileiro), criado em 1922 e extinto em junho desse mesmo ano, três meses após sua fundação por Epitácio Pessoa presidente da república, passou a funcionar na ilegalidade até 1945, ano de sua reabilitação.   
O PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e o PSD (Partido Social Democrático) foram, ambos criados por Getúlio.

   O PSD(Partido Social Democrático) era o partido dos grandes proprietários rurais e das oligarquias. Já o PTB(Partido Trabalhista do Brasil) representava o outro lado do Varguismo, o lado popular. Vargas, apoiado nas bases parlamentaristas do sindicalismo nacional por ele reformado, ao criar o PTB, visava esvaziar o PCB,(Partido Comunista do Brasil) aglutinando os operários num “partido dos trabalhadores”.

   Em fevereiro de 1945, foi promulgado um Ato Adicional (emenda constitucional) através do qual Getúlio Vargas assegurava eleições gerais, marcadas para 2 de dezembro desse mesmo ano.  

   Em abril, Getúlio concede liberdade aos presos políticos.
Intensificou-se a campanha eleitoral. A UDN apresentou o brigadeiro Eduardo Gomes como seu candidato a presidente da República. O general Eurico Gaspar Dutra foi o candidato da coligação PTB-PSD. O PCB, legalizado por Getúlio, apresentou a candidatura de Yedo Fiúza.
   Durante a campanha eleitoral, surgiu um movimento liderado por comunistas e getulistas, conhecido como Queremismo, querendo que Getúlio Vargas continuasse no governo.
   A aproximação de Getúlio com os comunistas preocupou os meios políticos do Brasil. Alguns acreditavam na possibilidade até de um novo golpe de Getúlio.

   No dia 29 de outubro desse mesmo ano, quatro dias após ter nomeado o seu irmão Benjamin Vargas para chefe de polícia do Distrito Federal, Getúlio Vargas foi deposto sem luta pelos generais Goes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra. O governo foi entregue a José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal: era o fim da Era Vargas e da ditadura.
Nas eleições de dezembro saiu vitorioso o general Eurico Gaspar Dutra, candidato apoiado por Getúlio Vargas, quando as pesquisas indicavam a vitória de Eduardo Gomes.


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